Uma tecnologia relativamente recente no cultivo de azeite está revolucionando volumes e consequentemente preços do produto no mercado. Trata-se do cultivo da oliveira em regime superintensivo onde as oliveiras são plantadas umas próximas as outras na fileira formando um tipo de arbusto.
Esse sistema permite a mecanização e aumenta em muito a produtividade, baixando os custos, aumentando a oferta do produto e consequentemente reduzido os preços.
Portugal dá um salto na produção e rentabilidade com o superintesivo
Portugal em particular foi bastante beneficiado, pois antes do surgimento dessa modalidade já tinha investido na represa de Alqueva que trouxe abundancia de água às planícies do Alentejo.
Os espanhóis perceberam o potencial e hoje o Alentejo é um grande produtor de azeite com olivais superintensivos, fazendo com que Portugal desse um passo gigantesco tornando-se o quinto produtor de azeite do mundo. Hoje cerca de 85% dos olivais no Alentejo já são nesse sistema.
Além do aumento da produção as margens de lucratividade no superintensivo são bem superiores, incentivando cada vez mais produtores. Mão o sistema só é possível em grande escala e com máquinas impedindo o pequeno produtor de entrar no processo.
Os questionamentos
Mas nem tudo são flores. O superintensivo é um sistema que tem uma série de questionamentos como o excessivo uso de produtos químicos, pela poluição que provoca, pelo esgotamento do solo e pela baixa qualidade sensorial do produto resultante (embora em termos de acidez seja considerado de bom nível). E uma sistema com pouca duração, em vinte anos as plantas necessitam ser replantadas e o solo corrigido quimicamente para voltar à fertilidade.
Além disso, a produção em larga escala gera resíduo de bagaço que vai alimentar outra grande bateria de fabricas de refino, também altamente poluentes.
Pequenos produtores são afetados pois seus produtos tem custos de produção bastante superiores ao sistema intensivo. Resta a eles recorrer definitivamente ao nicho da qualidade, com marcas próprias, desistindo de fornecer aos engarrafadores.
Particularmente no Alentejo a grande proliferação de plantações intensivas eliminou a diversidade agrícola que antes existia gerando o que muitos chamam de um desastre ecológico, com mudança de paisagens, clima, ar, etc.
Um resumo da questão
Concluindo: em termos econômicos Portugal festeja a sua inclusão entre os grandes players do azeite e os o consumidores agradecem a grande fartura de azeite a preços baixos. Mas em termos ambientais há uma imensa gritaria pelas perdas sofridas no Alentejo em termos de biodiversidade, beleza e qualidade de vida. E os amantes do bom azeite não vêm com bons olhos essa grande oferta de um produto com qualidade discutível.
Um possível futuro
É difícil lutar contra o futuro. O superintesivo parece ter vindo para ficar e aos poucos deve resolver os muitos problemas que enfrenta. Mas provavelmente ficará restrito ao volume e preço baixo. Aos produtores tradicionais restará investir nas diferenças. reforçar os aspectos de qualidade dos produtos com origem no método tradicional. Ter a sua marca própria , cuidar bem dia e identificar os clientes que preferem qualidade.
Pesquisa e edição: Cantinho do azeite
Foto montagem: original de João Cortesão em
https://www.jornaldenegocios.pt/weekend/gastronomia/detalhe/o-olival-superintensivo-e-o-espelho-estilhacado-do-pais
Fontes:
https://novo-mundo.blogs.sapo.pt/a-ganancia-e-a-inercia-ameacam-o-225212
https://expresso.pt/economia/2020-02-08-Portugal-bate-recorde-historico-na-producao-de-azeite
https://navegantes-de-ideias.blogspot.com/2018/01/o-fim-da-planicie-e-morte-do-azeite-um.html